sexta-feira, 27 de julho de 2012


TÊNIS: A HISTÓRIA DE UMA UNANIMIDADE MUNDIAL





Os tênis estão em todos os lugares e fazem parte da vida moderna. Um fenômeno global com uma história fascinante. Transcende raça, religião, cor, cultura e ideologia. Hoje o tênis movimenta uma cultura alternativa e o par certo vale muito dinheiro. Vale tudo para ter aquele par de tênis da moda comprar, trocar e em alguns casos até mesmo roubar. Esse verdadeiro objeto de desejo tornou-se hoje uma peça indispensável no vestuário humano. Para isso vamos conhecê-lo melhor, desvendar os segredos de seus materiais e como se fabrica esse que já se tornou um objeto de fetiche.

Todos hoje têm um par de tênis, de bebês a uma pessoa de 80 anos de idade, passando por atletas e pessoas procurando calçados mais confortáveis, desta forma, essa indústria movimenta atualmente quase 30 milhões de dólares por ano e que cresceu 100% nos últimos 15 anos.

Hoje em dia, com a globalização, os tênis são projetados por engenheiros biomecânicos no ocidente e fabricados a 8.000 km no oriente, a partir de 100 componentes e dez tipos de materiais diferentes e depois de prontos fazem uma verdadeira viagem ao redor do planeta antes de chegarem às lojas e consequentemente até chegar aos pés dos consumidores. E por falar em consumir, é bem provável que você gaste mais de US$ 10.000,00 em tênis ao longo de toda a sua vida.

Esse calçado milionário ajuda na busca pela boa forma, impulsiona a cultura da moda e inspiram a cultura pop. Mas para entender como os tênis se tornaram uma força econômica e cultura, é preciso apreciar primeiro a genialidade evolucionária do pé humano e um importante aspecto de dois milhões de anos.

O australoptécus, nosso ancestral africano, possuía corpo triangular, braços longos e pernas curtas eram próprios para subir em árvores e também para andar, após milhares de anos a espécie desenvolveu braços menores e pernas maiores apropriados para correr.

Mas porque correr foi importante para a evolução humana?

A resposta é bastante simples. Com um celebro em franca expansão, o homem precisava de mais proteína, e para isso precisava caçar, mas para fazê-lo, além das ferramentas apropriadas, também precisava tornar-se mais veloz e assim começou o processo adaptativo de andar cada vez mais rápido e finalmente aprendeu a correr. A habilidade de correr foi uma grande vantagem para nossos ancestrais e para isso os nossos pés tiveram de evoluir. Nosso pé tem 52 ossos, 25% de total do esqueleto e seu formato têm uma importante característica biológica, que literalmente impulsiona nosso passo, o arco.

Quando corremos o arco funciona como uma mola que entra em colapso, quando isso acontece os elementos elásticos no arco armazenam energia e então recuam, nos impulsionando no ar. Mas isso tem seu lado negativo, pois com o tempo nossos arcos perderam elasticidade transferindo a energia cinética para as canelas e joelhos, causando dores crônicas e osteoartrite. Mas o que isso tem a ver com o tênis? Por enquanto nada. Pelo menos até a invenção de um material revolucionário chamado borracha e mais tarde de um processo chamado vulcanização patenteado por Charles Goodyear, isso deu a borracha a possibilidade de alcançar a resistência e a flexibilidade que transformariam o tênis no calçado perfeito para proteger nossos tão cansados pés. E foi assim, ao contrário do que muita gente pensa, que em 1840 a Goodyear transformou-se na primeira fábrica de calçados vulcanizados do mundo.

O tênis jamais existiria sem a borracha vulcanizada, pois esse material resultante é impermeável, elástico, flexível e fácil de combinar com outros materiais, sendo assim, torna-se resistente, capaz de absorver choques, aumentar o efeito dos arcos e proteger pés e pernas de lesões a longo prazo, isso tornou o tênis o calçado ideal para acabar com um sofrimento de dois milhões de anos.

O primeiro tênis que se tem registro se chamava Plimsoll. Esse tênis primitivo surgiu por volta de 1880 e ganhou esse nome por causa da faixa escura ao longo da sola, que lembrava a “marca de Plimsoll” que indica até aonde um navio pode ser carregado. Uma curiosidade sobre esse tênis é que não possuía pé direito nem esquerdo, na verdade, era uma espécie de “uni tênis” o que o tornava mais fácil na hora de calçar.